Introdução
Considera-se que a característica mais notável do Ser Humano é a sua individualidade, e que todo o ser humano é portador de um genótipo singular, que faz com que jamais dois seres humanos (com possível exceção dos gêmeos idênticos), tenham sequer a potencialidade de um desenvolvimento idêntico, sobretudo quando a todas essas diferenças genéticas acrescentarmos as diferenças que ocorrerão nos ambientes e nas experiências de cada indivíduo. Estas peculiaridades, ou seja, os traços de personalidade são perceptíveis a partir das reações diferenciadas das pessoas no grupo, determinando assim o seu temperamento.
O entendimento deste tema oportuniza aos professores de Educação Física o conhecimento psicológico dos alunos, com a finalidade de promover um entendimento e crescimento pessoal, objetivando também que os alunos e professores compreendam e aprendam a lidar com suas emoções, reações e atitudes, no sentido de contribuir para a melhoria da prática de Educação Física Escolar. Para poder assim se utilizar de estratégias que maximizem o processo de aprendizagem.
Abordagem histórica sobre os estudos do temperamento e traços de personalidade
A origem da Teoria da Personalidade deve-se aos médicos e as exigências das práticas médicas, visto que a formação dos pioneiros nesse campo é o resultado da combinação de suas teorias da personalidade com a prática psicoterápica como meio de tratamento de doenças mentais, na tentativa de entender tanto a natureza básica do Ser Humano quanto os desvios e as peculiaridades de seu sistema nervoso. À medida que a psicologia progride de uma análise introspectiva da mente humana, para uma ciência do comportamento humano surge à necessidade do estudo da personalidade ser retirado do domínio médico e psicoterápico para tornar-se parte integral de uma psicologia científica.
A Personalidade é a síntese integral das atividades psíquicas, e atributo característico único dos Seres Humanos. Segundo Allport, é difícil dizer que um bebê recém-nascido tenha personalidade, pois não tem a organização característica de sistemas psicofísicos (o funcionamento da personalidade inseparável corpo e mente). Mas afirma que a personalidade começa no nascimento, que o bebê tem uma personalidade potencial, sendo quase inevitável que certas capacidades se desenvolvam.
Segundo Petroviski, o temperamento é a característica da personalidade que permite identificar as peculiaridades dinâmicas dos processos psíquicos como intensidade, velocidade, cadência e ritmo. Dois componentes do temperamento, atividade e emocionalidade, estão presentes na maioria das classificações e teorias do temperamento. A atividade do comportamento caracteriza o grau de energia, de impetuosidade, de velocidade, de inércia e de lentidão. A emocionalidade caracteriza as peculiaridades da transcorrência das emoções, dos sentimentos, dos estados de espírito e suas qualidades, como: o sinal (positivo/negativo) e a modalidade (alegria, mágoa, medo, tristeza, cólera, etc).
Segundo Anastasi, são conhecidos três sistemas básicos para explicar a essência do temperamento, dos quais os dois primeiros têm somente interesse histórico. O primeiro sistema (humoral), o qual já foi citado anteriormente, liga o estado do organismo com a proporção dos sucos (os líquidos e humores) que circula pelo organismo. Pela prevalência dos tipos de líquidos que circulam pelo organismo, foram destacados os seguintes temperamentos: sangüíneo; colérico; fleumático e melancólico.
O segundo sistema (constitucional) se apóia nas diferentes constituições do organismo, sua estrutura física, proporções de diferentes partes do corpo e proporções de diferentes tipos de tecidos. A constituição é o aspecto físico-morfológico da personalidade. É a estrutura ou arquitetura do corpo humano.
Kalinine esclarece tipos de sistema nervoso que podem influenciar na formação das peculiaridades individuais e que mostram diferenças em relação às capacidades físicas, segundo o autor as quatro categorias de Pavlov, podem ser diferenciadas da seguinte forma:
Kalinine & Giacomini identificaram um quinto traço, que eles consideraram como sendo a mistura de todos os outros quatro traços de temperamentos, o chamado de Intermediário, na qual se supõem que a maioria das pessoas se encontre nesta quinta categoria. Através da educação, da influencia da cultura, podemos moldar temperamentos intermediários.
Os traços evoluem ao longo do tempo, com a experiência. Podem mudar à medida que o individuo aprende novas maneiras de se adaptar ao mundo.
De acordo com Allport, a unidade Básica da personalidade é denominada de traço. A enumeração dos traços de uma pessoa fornece uma descrição da sua personalidade. Para Eysenck a definição de personalidade é “a soma total dos padrões de conduta presente no organismo, determinada pela hereditariedade e pelo ambiente, os quais se originam e desenvolvem mediante a integração funcional dos setores formativos onde se organizam os padrões condutores”.
As dimensões primárias da personalidade, identificadas por Hans Eysenck, segundo Bischof, pode ser observada a seguir:
A personalidade e todos os seus traços resultantes entendido aqui, como uma característica duradoura do indivíduo e que se manifesta na maneira consciente de comportar-se numa ampla variedade de situações, unem-se numa construção física única- a pessoa. Cada indivíduo tem uma constituição física característica; desta resulta seu temperamento. Destes dois, em contato com o meio físico e social, surgem o caráter e grande parte dos restantes traços de personalidade. Tudo isso se harmoniza numa crescente integração em torno da parte subjetiva do “eu”. Do nascimento à vida adulta, o indivíduo vai estruturando progressivamente as situações do meio e reage às mesmas, de maneira padronizada, ajustando-se cada vez melhor ao seu meio.