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Educación Física

21.03.2016
Brazil
POR |

Planejamento participativo na Educação Física escolar

Este trabalho é um relato de experiência de aulas de Educação Física que aconteceram no primeiro semestre de 2004 em uma escola do estado do Rio de Janeiro
É importante a relação dialógica na construção de uma pedagogia que tenha significado para o aluno.

Introdução

Em estudo realizado para obtenção de título de mestre na Universidade Gama Filho investiguei onze diretores de escolas públicas estaduais de Niterói sobre a representação deste grupo sobre a inclusão da disciplina de Educação Física no ensino médio noturno. De onze escolas entrevistadas somente uma oferecia Educação Física para seus alunos, deixando claro que o fato da Educação Física não ser obrigatória na época influenciava na sua não inclusão no turno da noite.

Em dezembro de 2003, o presidente da república e o congresso nacional sanciona e decreta a lei No 10.793:

A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:

  • que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;
  • maior de trinta anos de idade;
  • que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
  • amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969;
  • que tenha prole".

Observa-se que a Educação Física continua sendo vista como uma disciplina que exigirá o esforço físico de seu aluno e nada mais. E sendo assim, muitos optam por não participarem das aulas de Educação Física.

 

A experiência

No primeiro semestre de 2004, atuando em uma escola pública estadual no município de São Gonçalo e recebendo alunos estagiários do curso de Educação Física da UNISUAM (Centro Universitário Augusto Motta) para estagiarem nas aulas desta disciplina, observamos que muitos dos alunos do ensino médio ficavam de fora das aulas sem participarem. Este fato causava um certo constrangimento já deveria fazer com que os alunos estagiassem com a disciplina na escola. Desta forma, resolvemos optar mais pelo diálogo. Conversamos muito com os alunos, a ponto dos estagiários também se expressarem e exporem o objetivo de estarem ali, justamente naquela escola que oferecia aulas de Educação Física, mesmo já sendo a disciplina obrigatória por lei. Foi quando percebemos que se quiséssemos a participação dos alunos em nossas aulas, deveríamos manter um canal aberto para o diálogo. Vimos então, que as aulas não poderiam vir prontas, acabadas simplesmente. Era necessário a participação de todos. Pois, só assim conseguiríamos fazer com que os alunos optassem por participar das aulas por conta própria, por sentirem prazer em que estavam fazendo.

Iniciamos perguntando aos alunos do segundo ano do ensino fundamental a experiência que eles tinham das aulas de Educação Física, que na grande maioria não havia sido positiva. Em seguida perguntamos sobre a infância, sobre coisas, brincadeiras que faziam na infância e que gostaram. Muitos dos alunos relembraram a infância neste momento. Perguntamos, então, para os alunos qual o objetivo que eles gostariam que as aulas de Educação Física tivessem para as suas vidas e muitos falaram das aulas proporcionarem um momento de bem estar buscando desenvolver hábitos saudáveis. Alguns alunos mais novos falaram que sentiam falta de jogar futebol, voleibol, ou seja, praticar os esportes com bola, principalmente o futebol. Outras viam nas aulas de Educação Física um momento para a prática da ginástica, já que trabalhavam o dia todo e não tinham tempo para a prática desta atividade física. Depois, de ouvir todos os alunos e anotarmos os objetivos destes com as aulas de Educação Física resolvemos que iríamos planejar as nossas aulas por mês e que todos iriam participar sugerindo o tema, ou melhor a atividade que seria trabalhada em cada dia. E desta forma, iniciamos o nosso planejamento. No início foi difícil! Acredito que devido ao fato de não ser algo muito comum os alunos participarem do planejamento das aulas junto ao professor, e neste caso em particular, havia também os estagiários. Quando os alunos do ensino médio ficavam em dúvida quanto ao que escolher, os alunos estagiários intervinham apresentando suas sugestões. Ou, até mesmo sugerindo que as aulas que não ficassem definidas por eles seriam aulas surpresas e ficariam a cargo dos estagiários.

Observamos com isto que a medida que os alunos se viam responsáveis e participantes do planejamento, não tinham desculpas para não participarem das aulas de Educação Física. Afinal de contas, havia diálogo. Todos eram ouvidos e respeitados em suas escolhas. E, as aulas de Educação Física que não tinham a participação de todos os alunos no início do semestre, a partir de então, passaram a ser atração da escola, já que nem todas as turmas tinham aulas desta disciplina. As aulas desta turma, em particular, despertava o interesse pelos outros alunos da escola, já que a forma de funcionar era diferente das outras aulas onde predominava o futebol e nem todos os alunos participavam das aulas.


Conclusão

  • A quantidade de atividades que foi trabalhada ao longo de um semestre, explorando assim o grande acervo que a cultura corporal possibilita a nosso aluno em termos de conhecimentos;
  • O planejamento participativo como forma de proporcionar a inclusão social;
  • O quanto é importante a relação dialógica na construção de uma pedagogia que tenha significado para o aluno;
  • As aulas de Educação Física podem ter um significado diferente daquele que defende a idéia de ser uma disciplina que prima pela aptidão física;
  • As aulas de Educação Física podem ser um momento de lazer para os alunos trabalhadores que não possuem outras opções;
  • O planejamento participativo como mais uma proposta para o estágio supervisionado.
Elaine de Brito Carneiro
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