Introdução
Atualmente, a hipertensão arterial é um dos principais problemas de saúde pública, contribuindo significativamente para o aumento da mortalidade da população em geral.
A pressão arterial (PA) é a medida da força ou pressão exercida pelo sangue nas artérias. A mais alta reflete a pressão nas artérias durante a sístole do coração, quando a contração do miocárdio força grande volume de sangue no interior das artérias, a pressão cai na diástole, ou fase de enchimento do coração. Para a Organização Mundial de Saúde os valores admitidos são: 120x80mmHg, em que a pressão arterial é considerada ótima e 130x85mmHg sendo considerada limítrofe. A pressão arterial diastólica é mais baixa na artéria durante o ciclo cardíaco. Dessa forma, a pressão arterial mantém o sangue circulando no organismo e tem início com o batimento do coração, e a cada vez que bate, o coração joga o sangue pelos vasos sangüíneos, onde as paredes dessas artérias são elásticas o que proporcionam as artérias a possibilidade de se esticarem e relaxarem a fim de manter o sangue circulando por todas as partes do organismo.
Valores pressóricos superiores a 140x90mmHg denotam Hipertensão. Conforme a IV Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, compreende-se em estágios: 1 leve - 140x90mmHg e 159x99mmHg, 2 moderada - 160x100mmHg e 179x109mmHg e 3 grave - acima de 180x110mmHg. Mas sabemos que qualquer indivíduo pode apresentar pressão arterial acima de 140x90mmHg sem que seja considerado hipertenso. E isso justamente por sabermos que a pressão pode ser elevada por diversos fatores. Apenas a constante frequência de níveis permanentemente elevados, em múltiplas medições, em diferentes horários e posições e condições (repouso, sentado ou deitado) caracteriza a hipertensão arterial.
Efeitos do exercício físico na hipertensão arterial
A hipertensão é considerada uma doença multifatorial, associada às alterações metabólicas, hormonais e fenômenos hipertróficos. Podendo ela ser idiopática ou essencial (quando a sua origem é desconhecida) resultando de diversos fatores, onde, segundo Pitanga, podem ser fatores genéticos, níveis elevados de sal na dieta, obesidade, sedentarismo e estresse emocional. Pode-se afirmar que 90% dos portadores de hipertensão arterial apresentam “hipertensão essencial”. A hipertensão pode ser bastante prejudicial no funcionamento orgânico devido a dois efeitos primários: sobrecarga de trabalho ao coração e danos as próprias artérias pelo excesso de pressão.
A busca por explicações para o efeito redutivo do exercício sobre a pressão em indivíduos normotensos e principalmente em hipertensos tem sido motivos para diversos estudos e pesquisas. Diversos são os fatores dessa queda na pressão arterial através do exercício físico, um deles é a diminuição no débito cardíaco que está associada ao decréscimo da freqüência cardíaca, outro importante é a queda na resistência vascular sistêmica. Uma redução significativa nos níveis da pressão arterial, depende diretamente do tipo de exercício físico, da intensidade e da duração do mesmo. São indicações da Sociedade Brasileira de Cardiologia que o treinamento seja de baixa intensidade, pois, o exercício físico de baixa intensidade diminui a pressão arterial porque provoca redução no débito cardíaco, o que pode ser explicado pela diminuição na freqüência cardíaca de repouso e diminuição do tônus simpático no coração. Quanto à duração do exercício físico, têm sido recomendadas sessões com duração de 30 a 60 minutos, de três a seis vezes por semana, realizados com freqüência cardíaca entre 60% e 80% da máxima ou entre 50% e 70% do consumo máximo de oxigênio.
Marceau et al. compararam o efeito do treinamento de baixa intensidade (50% VO2 max) e moderada intensidade (70% do VO2 max) sobre a pressão arterial medida por 24 horas. Participaram do estudo 9 sujeitos, 8 homens e 1 mulher, durante dez semanas de treinamento. Os resultados do estudo demonstraram que o efeito anti-hipertensivo do treino de baixa intensidade foi mais acentuado no período acordado, principalmente durante as primeiras horas do dia, enquanto o treino de moderada intensidade provocou reduções mais significativas na pressão sanguínea durante as horas de sono.
Em seu estudo, Corraza et al. comparou os efeitos de curta a longa duração, do exercício físico aeróbio, sob a PA de mulheres da terceira idade adulta normotensas e hipertensas limítrofes. Foram avaliadas sete mulheres normotensas e sete hipertensas limítrofes, com idade entre 46 e 68 anos, realizando exercício de caminhada em esteira durante 30 min. Foi observada hipotensão pós-exercício em ambos os grupos, contudo, o exercício físico aeróbio foi capaz de provocar efeito hipotensor após o exercício por até 8 horas similarmente em mulheres normotensas e hipertensas limítrofes.
Considerações finais
Podemos observar através desses estudos, que as reduções nos níveis tencionais aparecem em relação direta à prática dos exercícios físicos. Essa resposta poderia ser mediada pela vasodilatação periférica que persiste após o término do exercício, o que poderia diminuir o retorno venoso e consequentemente reduzir o débito cardíaco, além da liberação de substâncias vasodilatadoras na circulação, o que diminuiria a resistência periférica.
Podemos concluir que os efeitos benéficos do exercício físico se dão no tratamento inicial do indivíduo hipertenso, objetivando evitar o uso e/ou diminuir o número de medicamentos que possivelmente venham ser utilizados. Já nos indivíduos sedentários e hipertensos, reduções significativas na pressão arterial podem ser conseguidas com o aumento progressivo na prática de exercícios físicos, com intensidade baixa e com as recomendações feitas anteriores pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.