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Fisiología

29.12.2016
Brazil
POR |

O efeito da suplementação de creatina na força explosiva de um piloto de motocross

Constatou-se que com a suplementação de creatina houve um aumento na perimetria dos pontos anatômicos e aumento na força explosiva dos braços do piloto
Resultados

Introdução

A intenção deste estudo é, observar como a suplementação de creatina pode ajudar no ganho de força explosiva no piloto de motocross, sabendo que este é um esporte que necessita de uma dedicação total do piloto, tendo uma equipe de apoio capacitada dando o suporte necessário, para que este tenha uma melhora no seu desempenho dentro das pistas, neste esporte tão empolgante mas pouco estudado cientificamente.

 

Materiais e métodos

O universo da pesquisa foi constituído por um piloto de motocross, 19 anos, competidor do Campeonato Paranaense de Motocross de 2005, na categoria MX 2, logo a amostra é do tipo não probabilista intencional.

A creatina monohidratada foi pesada numa balança de precisão, marca OHAUS Adventure AR2140 no Laboratório de Nutrição da Uniguaçu e armazenada em embalagens plásticas com um total de 5 gramas cada uma, para que não houvesse diferença na hora da ingestão pelo piloto.

Para a aferição da massa corporal (MC), foi utilizada uma balança do tipo Filizola, com precisão de 100 gramas. Para a aferição da estatura do piloto foi utilizado um estadiômetro fixo na parede, com precisão da escala de 0,1 cm.

Na perimetria utilizou-se uma fita métrica, que permite obter uma medida do perímetro sem haver compressão da pele.

Para a aferição da força e força explosiva foram utilizados testes de:

  • Salto Vertical
  • Salto Horizontal
  • Uma Ação Motora Voluntária Máxima Dinâmica (1 AMVMD), o avaliado deitado na mesa do supino, com o maior número de carga que ele possa executar sem auxílio.
  • Flexão e Extensão na Barra
  • Repetições Totais com 70% de Uma Ação Motora Voluntária Máxima Dinâmica (RT com 70% de 1 AMVMD), o avaliado deitado na mesa do supino, realiza repetições totais com 70% do peso que alcançou com 1 AMVMD.

 

Resultados

Houve um ganho de massa corporal da ordem de 1,5 Kg e força explosiva de maior ênfase nas flexões e extensões dos membros superiores na barra por parte do piloto.

 

Discussão

Para entendermos como a creatina terá esse efeito na força explosiva de um piloto de motocross teremos que relatar algumas particularidades das fibras musculares, as fibras possuem capacidades tanto de concentrações de velocidade (rápidas) e manifestação dos grandes esforços, como de um trabalho duradouro em condições de fadigabilidade crescente. As fibras lentas (tipo I, de baixo limiar e oxidativas) são mais adaptadas para assegurar as contrações relativamente pequenas quanto à força e à duração próprias para o trabalho duradouro de resistência. As fibras rápidas (tipo II, de alto limiar e glicolíticas) não possuem grande resistência, porém são adaptadas para as concentrações rápidas e fortes, mas bem curtas em tempo. Pode ser feita ainda outra subdivisão das fibras tipo II em IIA (rápidas-oxidativas-glicolíticas, ROG), IIB (rápidas-glicolíticas, RG), e IIC (indiferencidas, não-classificadas, intermediárias, de interconversão).

Um estudo de várias fibras em amostras de músculos provenientes de quatro homens jovens que haviam morrido subitamente indica uma variabilidade semelhante nas médias de distribuição. O bíceps braquial contém 55% de fibras tipo II e os feixes lateral e longo do tríceps braquial contém 60% de fibras tipo II. Acredita-se que o músculo humano apresente um limite máximo de acúmulo de creatina entre 150 e 160 mmol/Kg de músculo seco, as concentrações de creatina (Cr) e fosfocreatina (PCr), estão diretamente relacionadas com os tipos de fibras musculares, observando-se maiores concentrações nas fibras de concentração rápida IIA e IIB em relação às fibras de contração lenta tipo I. No músculo, parte da creatina captada é fosforilada (PCr) através de uma reação mediada pela enzima creatinaquinase (CPK). Em repouso, aproximadamente 60% da creatina total presente no músculo encontra-se na forma fosforilada. Estes relatos corroboram com o estudo, pois o motocross é uma atividade que exige muito dos membros superiores em contrações isométricas.

Utilizando uma dose de 20 a 24 gramas diárias de creatina por cinco dias, nos testes de repetições totais no exercício supino a magnitude do aumento do número de repetições foi de 21%. A presente investigação encontrou um aumento no número de repetições do exercício supino em 29% e flexões de braço em 1 minuto em 53%. Estes resultados, provavelmente, estão relacionados a um incremento na concentração de fosfocreatina muscular, o que possibilita uma elevação na taxa de ressíntese de ATP, contando também, que o piloto executava o mesmo exercício supino nas suas sessões semanais de treinos na academia.

Os aumentos da perimetria nos membros superiores podem ser relacionados com a maior afinidade da creatina com as fibras musculares tipo II, predominantes nesses grupos musculares e em relação com o maior trabalho muscular dos membros superiores realizados nas baterias e priorizado nos treinamentos em academia, devido à especificidade do treinamento. Em contrapartida, o declínio da perimetria na coxa medial e perna de 1 centímetro pode ser relacionado, com a menor carga de trabalho muscular realizado por esses grupos musculares, tanto na academia quanto durante uma bateria de motocross e sua predominância de fibras musculares tipo I.

Os ganhos de força explosiva, observados através de comparação direta com os testes realizados antes e depois da suplementação de creatina nos membros superiores, podem estar relacionados com o treinamento em exercício supino (que foi utilizado como instrumento de teste). E o decréssimo na força explosiva dos membros inferiores, salto vertical deve-se, que as fibras predominantes nos músculos das panturrilhas são fibras musculares do tipo I, que não tem grande afinidade com a creatina e, esse grupo muscular não realiza um movimento específico durante a prática do esporte.

 

Conclusões e perspectivas de aplicação

Com base nos resultados dos testes obtidos, temos um ganho de força explosiva dos membros superiores do piloto. Mas ainda não podemos afirmar com total clareza que este ganho de força explosiva foi resultado apenas da suplementação de creatina, a qual o piloto foi exposto.

O estudo deve ser continuado, propomos a mesma pesquisa, mas sem a adição da suplementação de creatina, para daí sim, através desse controle, comparar os resultados e poder afirmar ou não se a suplementação de creatina tem algum efeito ergogênico para o piloto de motocross.

Douglas Tajes Junior
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