Foi após a I Guerra Mundial que o esporte começou a ser utilizado como ferramenta para reabilitação e inserção social da pessoa portadora de deficiência. Primeiramente, a intenção era oferecer uma alternativa de tratamento aos indivíduos que sofreram traumas medulares durante o conflito. Entretanto, em 1944, por meio de um convite do Governo Britânico, Dr. Ludwig Guttmann inaugura um centro de traumas medulares dentro do Hospital de Stoke Mandeville. É exatamente neste ponto da história que começa, segundo estudiosos e documentos coletados em sites direcionados para o assunto, a trajetória do que chamamos hoje de Esporte Paraolímpico.
É bem verdade que o esporte para atletas portadores de deficiência existe há mais tempo e que há contribuições datadas dos séculos XVIII e XIX que atestam a importância da atividade física como agente reeducador e reabilitador destas pessoas. Entretanto, é a partir de 1944 que este movimento em prol do desenvolvimento e fomento do esporte paraolímpico ganha maior força e apoio.
Dr. Guttmann introduziu o esporte como parte do tratamento de reabilitação de lesados medulares. A receptividade positiva fez com que rapidamente a atividade física evoluísse para o nível competitivo. Assim, em 1948 foram realizados os primeiros Jogos de Stoke Mandeville, paralelamente aos Jogos Olímpicos que ocorriam em Londres. Com isso, aconteceram as primeiras competições de atletas em cadeira de rodas. Desde então, de quatro em quatro anos são realizados os Jogos de Stoke Mandeville.
Este primeiro passo foi fundamental para o crescimento do Paradesporto Mundial. Em 1952, foi fundado o Comitê Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, que depois viria a se tornar a Federação Internacional de Esportes em Cadeira de Rodas de Stoke Mandeville (ISMWSF). Hoje, a ISMWSF é responsável pela organização e realização de eventos mundiais direcionados aos atletas cadeirantes.
Em 1960, o Dr. Antônio Maglio, diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia, Itália, sugeriu ao Comitê Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville que a competição fosse realizada em Roma, logo após das XVI Olimpíadas. Assim, aconteceriam os primeiros Jogos Paraolímpicos. A competição utilizou as mesmas instalações dos atletas não portadores de deficiência e reuniu 400 paraatletas. No total, participaram da primeira Paraolimpíada 23 países e o evento contou o apoio de autoridades locais. A partir daí, com raras exceções, os Jogos Paraolímpicos passaram a ser realizados algumas semanas após os Olímpicos na mesma cidade sede.
Fruto do crescimento do esporte adaptado, em 1964, foi criada a Organização Internacional de Esportes para Deficientes (ISOD). A ISOD, na época, oferecia aos atletas com outras deficiências, que não a lesão medular, a oportunidade de participarem de eventos que contribuíssem para o desenvolvimento esportivo dos mesmos. Já no início, a ISOD contava com a filiação de 16 países. Até então somente havia competições paraolímpicas para pessoas em cadeira de rodas.
E foi por meio de um trabalho sério e árduo que a ISOD conseguiu incluir nos Jogos Paraolímpicos de Toronto, em 1976, provas para os atletas cegos e amputados. Em 1980, nos Jogos Paraolímpicos de Arnhem, foi a vez dos atletas paralisados cerebrais se juntarem à competição.
Toda esta movimentação impulsionou o fortalecimento do paradesporto enquanto esporte de rendimento. O número de atletas cresceu e com isso surgiu a necessidade de organizações que cuidassem do fomento do esporte para cada deficiência. Assim, em 1978, foi criada a Associação Internacional de Esportes e Recreação para Paralisados Cerebrais (CP-ISRA) e, em 1980, a Associação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA). Com isso, a ISOD agora ficaria responsável pelo desenvolvimento mundial dos esportes para atletas amputados.
O surgimento destas organizações tornou imperativo a criação de uma coordenação geral que, democraticamente, envolvessem as quatro áreas de deficiência (cadeirantes, amputados, paralisados cerebrais e cegos) na organização dos Jogos Paraolímpicos. Diante disso, em 1982, foi fundado o Comitê Internacional Coordenador dos Esportes para Deficientes no Mundo (ICC). Faziam parte do ICC os presidentes das quatro entidades administradoras do paradesporto mundial (ISMWSF, ISOD, CP-ISRA e IBSA), além de um secretário geral e, primeiramente, um vice-presidente, que depois viria a se tornar um diretor técnico.
Em 1986, a Federação Internacional de Esportes para Deficientes Mentais (INAS-FID) e o Comitê Internacional de Esportes para Surdos (CISS) juntam-se ao ICC. Entretanto, o CISS - que já existia desde 1922 – continuou mantendo a organização de seus jogos; não se envolvendo nas competições das outras deficiências.
Apesar do ICC ser fruto da união das seis organizações de esporte para deficientes, o crescimento do paradesporto no mundo implicava a criação de uma entidade autônoma que propiciasse o fomento e acompanhasse o crescimento do esporte adaptado nos diversos países do planeta. Uma entidade capaz de gerenciar as demandas nacionais e regionais do paraolimpismo. Assim, em 1989, foi fundado o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) na Alemanha.
Hoje, o IPC é a única entidade internacional responsável pela organização e realização de eventos esportivos que envolvam mais de uma deficiência. São membros do Comitê a ISMWSF, ISOD, CP-ISRA, IBSA, INAS-FID e mais 160 Comitês Paraolímpicos Nacionais.
Em 2000, durante a realização dos Jogos Paraolímpicos de Sydney, foi assinado um acordo de cooperação entre o IPC e o Comitê Olímpico Internacional, garantindo a colaboração entre as duas entidades. Em 2001, outro acordo foi assinado assegurando que os Jogos Paraolímpicos seriam sempre realizados na mesma cidade e com a mesma organização dos Jogos Olímpicos.
Jogos Paraolímpicos
Em 1960, foram realizados os primeiros Jogos Paraolímpicos. Estes Jogos tiveram como sede a cidade de Roma e aconteceram logo após os Jogos Olímpicos – realizados também na Itália. Desde então, já foram realizadas mais dez Paraolimpíadas. No quadro abaixo, estão especificadas as cidades que acolheram o evento, o número de participantes e a quantidade de países envolvidos.
As Paraolimpíadas de Atenas aconteceram nos dias 17 e 28 de setembro de 2004 e reuniram quatro mil atletas de 142 países. Além disso, a cidade recebeu cerca de três mil jornalistas e fotógrafos; 1.000 técnicos e arbitrários; 2.000 apoios de delegação; 2.500 convidados oficiais e 35.000 pessoas encarregadas pela organização dos jogos, sendo que, desse total, 1.500 foram voluntários.
Hoje, são disputadas 19 modalidades nos Jogos Paraolímpicos de Verão. São elas: tiro com arco, atletismo, bocha, ciclismo, hipismo, futebol de cinco, futebol de sete, goalball, judô, halterofilismo, tiro, natação, tênis de mesa, vôlei, basquete em cadeira de rodas, esgrima, rugby, tênis e iatismo. Já nos Jogos Paraolímpicos de Inverno, são disputadas as modalidades de esqui, esqui nórdico, hockey, wheelchair curling, dança em cadeira de rodas e bowls.