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Educación Física

05.02.2017
Brazil
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Atividades de aventura como conteúdo da Educação Física na Educação Infantil

Este artigo mostra algumas justificativas e estudos para subsidiar as práticas pedagógicas dos profissionais de Educação Física que trabalham com pré-escolares
Algumas orientações didáticas para trabalhar com Esportes Radicais. Fonte: Adaptação D’Angelo et al. (2010)

Introdução

As Atividades de Aventura no Brasil vêm apresentando um aumento significativo em seu número de adeptos e interessados, tanto pela divulgação nas mídias e revistas especializadas, como por assuntos cada vez mais freqüentes em cursos, palestras e congressos, nos âmbitos do lazer, esporte e educação. Por isso, a temática ganhou impulso nos estudos acadêmicos e alavancaram práticas em diversos ambientes, inclusive em escolas de ensino fundamentais e médio, particularmente em São Paulo.

Mas é importantíssimo salientar que as Atividades de Aventura raramente têm surgido como conteúdo de ensino da Educação Física e, quase sempre, têm sido tratadas como um "apêndice" recreativo e de lazer.

 

Educação Infantil e Atividades de Aventura

No âmbito da Educação Infantil são muito escassos estudos e publicações que relacionem e tratem das Atividades de Aventura.

Lucélia através de uma revisão bibliográfica sugere que o brincar e jogar podem ser utilizados como instrumento enriquecedor no trato pedagógico do conteúdo arvorismo. Este aqui surge como um meio coerente e capaz para o desenvolvimento da criança. Ela mostra que através das atividades de arvorismo, as crianças adquirem experiências, sensações e conhecimentos que podem atingir o afetivo, o cognitivo e o motor. E sendo essa atividade em contato com a natureza, trabalhada de forma orientada e consciente, a criança de hoje, possa entender a necessidade de preservar a natureza e outras formas de vida.

Carceroni comenta que as atividades de Aventura são uma boa alternativa para diversificar as aulas de Educação Física Infantil. A autora realizou um relato de experiência em suas aulas de educação física. O objetivo foi apresentar às crianças as Atividades de Aventura, alguns conceitos básicos, normas de segurança e possibilidades de prática como estratégia para o desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais. As Atividades de Aventura trabalhadas foram corrida de orientação e técnicas verticais. As crianças mostraram-se muito motivadas e participaram das aulas. A autora chegou à conclusão que a proposta exposta é uma boa estratégia para desenvolver os conteúdos e atingir os objetivos da Educação Física Escolar.

Já Espinoza, Cardozo, Neto realizaram um estudo nessa “etapa” da Educação e os resultados obtidos indicaram que a prática das Atividades de Aventura, desperta o interesse das crianças e estimula o desenvolvimento das inteligências múltiplas.

Neto, Santos, Edney comentam que em 2008 realizaram aulas de Educação Física na Educação Infantil, fundamentadas em Atividades de Aventura (arvorismo e escalada). Mencionam que as citadas aulas foram realizadas na quadra poliesportiva da escola, e utilizaram cordas para a construção de estações de arvorismo, como a falsa baiana, a travessia de toras e cordas, equilíbrio com corrimão. A escalada foi realizada com estações de escada quebra peito e escada com pneus para ascensão. Os autores chegaram à conclusão que essas vivências levaram os alunos a situações de desafios, que no desempenho os direcionou à superação e elevação da auto-estima.

Hyder apud Junior e Pereira afirma que a escalada auxilia a criança nas suas relações interpessoais (comunicação e cooperação) e nas intrapessoais (autoconfiança e auto-estima), assim como no aspecto motor e nas capacidades físicas.

Segundo Bruhns, as Atividades de Aventura favorecem: o controle cada vez maior dos movimentos corporais; a confiança em si próprio e no outro; a superação de obstáculos; o extrapolamento de limites existentes; a sensação de poder. Além de melhorar as capacidades físicas (força, velocidade, resistência) e as motoras (coordenação motora fina e global, lateralidade).

A conexão dessas experiências de aventura aos objetivos educacionais do sistema escolar pode favorecer o desenvolvimento humano em seus diversos aspectos, por envolverem processos pedagógicos específicos catalisadores de "competências cognitivas, psicomotoras e socioafetivas", sendo capazes de fomentar novas atitudes de espectro interdisciplinar.

Marinho, Seabra apud Marinho, Inácio, demonstram que muitos estudos expõem aspectos referentes à reaproximação das pessoas a natureza, contextualizam as Atividades de Aventura na atualidade e indagam impactos e potencialidades. Porém, poucos refletem e discutem a formação profissional necessária, assumida e desejada em tais práticas. Fazendo-se necessário, portanto, debater sobre as Atividades de Aventura como conteúdo da formação profissional da Educação Física escolar.

Cabe ao professor de educação física se atualizar e se capacitar em cursos para elaborar seqüências pedagógicas de novas práticas corporais e reformular as atividades e conteúdos nos âmbitos educacionais. (...) E as instituições universitárias devem oferecer cursos e disciplinas voltadas aos esportes radicais, de aventura e de ação para atender esse mercado promissor.

Além disso, é importante salientar que se faz necessária a presença de um Professor Especialista em Educação Física para trabalhar o Movimento, o jogo, a brincadeira, e portanto, também as Atividades de Aventura.

 

Considerações finais

Através das Atividades de Aventura as crianças vivenciam experiências, sensações e conhecimentos, atingindo objetivos sócio-afetivos, motores e cognitivos. Além de ser um meio privilegiado de ensino e aprendizagem, é prazeroso, significativo, motivante, desenvolve as inteligências múltiplas, e podem ser trabalhadas de forma interdisciplinar através do movimento, brincadeiras e jogos lúdicos.

Pode-se destacar que algumas das Atividades de Aventura mencionadas podem ser trabalhadas em todos os ciclos de ensino, porém no planejamento das aulas deve-se atentar sempre à faixa etária a qual irá trabalhar, além de tomar os devidos cuidados com a segurança dos alunos.

E por ser uma área academicamente nova, sugere-se aos profissionais de Educação Física, atuantes nessa primeira etapa da Educação, a reportarem-se e basearem-se suas práticas também nas publicações existentes nos outros ciclos de ensino, adaptando as atividades, metodologia, recursos materiais, espaço físico, etc. de acordo com a faixa etária, objetivos educacionais, especificidades das crianças, particularidades da turma e da instituição a qual se objetiva trabalhar. E a buscarem sempre atualização profissional, bons cursos na área, congressos, palestras e encontros onde aprendam e aperfeiçoem a sua atuação com as crianças.

Lucyara Maria Monteiro
Luciano Andrade Bernardes
Dimitri Wuo Pereira
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