Introdução
A neuroplasticidade é definida como qualquer modificação do sistema nervoso que não seja periódica e que tenha maior duração que poucos segundos. Ou ainda a capacidade de adaptação do Sistema Nervoso Central (SNC), especialmente a dos neurônios, às mudanças nas condições do ambiente que ocorrem no dia a dia da vida dos indivíduos, um conceito amplo que se estende desde resposta a lesões traumáticas até sutis alterações resultantes dos processos de aprendizagem e memória.
Pode-se citar que ocorre processo de neuroplasticidade mais acentuado em crianças pequenas, nelas percebe-se que existe um processo de aprendizado mais acentuado que ocorre desde o nascimento e se dá de maneira grandiosa nos primeiros anos de vida com maior crescimento neuronal, proporcionando uma grande capacidade de aprendizagem.
Controle motor é um processo no qual visa maximizar um estímulo inicial ou adquirido, tornando um aprendizado. A integração da neurociência demonstra que o SNC é adaptável não somente durante o desenvolvimento, mas também por toda vida. E pode ser melhorada com o enriquecimento do estudo da neuroplasticidade para melhora do controle motor que é estimulado por influências ambientais e comportamentais.
O controle motor se desenvolve a partir de um conjunto complexo de processos neurais, físicos e comportamentais que governam a postura e o movimento. Durante muito tempo acreditou-se que a lesão cerebral seria permanente, com pouco reparo e recuperação cerebral limitando o controle motor, porém nos dias de hoje é possível verificar a influência do processo plástico na reabilitação do controle motor. Partindo desta premissa, o objetivo principal deste trabalho é revisar os estudos que apontam a influência da neuroplasticidade no controle motor.
Material e métodos
Para compor o trabalho utilizou-se de revisão bibliográfica de artigos científicos publicados sendo realizada uma busca nos seguintes bancos de dados: Lilacs e Scielo para identificar artigos científicos ao tema.
Resultados
O total de artigos encontrados foi de 23 e após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 15 artigos para o presente estudo, dos quais apenas 7 estavam disponíveis com texto completo.
Discussão e resultados
O objetivo desse trabalho foi fazer um levantamento dos artigos relacionando a plasticidade neuronal com o controle motor em diferentes alterações neurológicas através de revisão da literatura. Os dados obtidos mostraram as doenças encontradas:
Todos os artigos descritos nesta revisão relatam a grande importância da neuroplasticidade e do controle neural na melhora do desenvolvimento motor após lesão cerebral ou alguma deficiência descrita, assim como descreve Umphred existe um grande conhecimento em relação aos mecanismos neurais que facilitam a reabilitação, porém essa falta de integração da ciência básica e da prática clínica limita o desenvolvimento de novas técnicas correlacionando os temas descritos.
De acordo com O'Sullivan e Schmitz a plasticidade neural inclui uma série de mudanças a curto prazo na eficiência ou na força das conexões entre neurônios. Sendo comprovado nos artigos o surgimento de novas conexões sinápticas quando estimuladas por terapias, podendo ser por exercícios seriados, eletroestimulação, ou até mesmo por intervenção farmacológica.
Para Lundy-Ekman pesquisadores demonstraram a neuroplasticidade ao estudar animais criados em ambientes com brinquedos e obstáculos desafiadores.
Para Teixeira e Ziegelboim et al. regiões integras do SNC estariam latentes em um estado de prontidão para serem ativadas e assumirem as funções comprometidas. Uma reorganização funcional poderia mudar qualitativamente suas funções, pois haveria uma via neural que assumiria o controle motor de funções que em situações normais não fariam parte de seu repertório. Umphred confirma que também é possível um brotamento colateral neural regenerando axônios lesados de áreas denervadas.
Sá descreve que em paciente jovens adultos portadores de esclerose múltipla o tratamento farmacológico tem boa resposta do SNC melhorando sua plasticidade, novas conexões sinápticas, proporcionando uma melhor autonomia do controle motor e aumentando consideravelmente a qualidade de vida desses pacientes. Confirmando as descrições de O’Sullivan e Schmitz, o desenvolvimento de habilidades funcionais, como o controle motor, é um processo em desenvolvimento contínuo que prossegue ao longo da vida, justificando assim que na recuperação, reaquisição de habilidades perdidas por causa de lesão é idêntica em todos os aspectos ao desempenho anterior da lesão.
Para Costa e Portela a plasticidade neural pode ser verificada através de estudos realizados com pacientes pediátricos com epilepsia, uma vez que quando ocorre a epilepsia em recém-nascidos e crianças, estes sofrem uma complexa alteração neurofisiológica do desenvolvimento motor e o tratamento cirúrgico auxiliará na diminuição do quadro de regressão do desenvolvimento neuropsicomotor. Assim, existe uma grande potencialidade do tecido cerebral ainda imaturo compensando a função de áreas ressecadas durante o procedimento, reduzindo bastante a possibilidade do surgimento de déficits neurológicos permanentes.
Conclusão
Há evidências surgindo que alterações plásticas acontecem no cérebro para compensar a perda da função em áreas prejudicadas, os artigos descritos justificam através de revisões bibliográficas, estudos de casos e estudos experimentais que compensações neurológicas acontecem para dar mais capacitação cerebral para melhor controle motor.
Pode-se observar uma escassez de artigos experimentais com seres humanos dificultando a criação de novas terapias associadas baseados dos resultados específicos da pesquisa da ciência básica. Tornando os conhecimentos e a veracidade deste fenômeno ainda incompleto.
Por meio desta revisão verificou-se que os estudos com seres humanos e animais percebe que a prática de tarefas ou habilidades específicas deve estar relacionada ao objetivo do tratamento: aquisição ou reaquisição do controle motor.
Conclui-se que pesquisas principalmente com seres humanos devem ser mais realizadas para uma melhor compreensão das mudanças plásticas durante a recuperação das funções nervosas.