O livro “Ensinando Voleibol para Jovens” (título original em inglês: Coaching Youth Volleyball) é uma produção da American Sport Education Program (ASEP). Foi traduzido para a língua portuguesa pelos professores universitários Carlos Ugrinowitsch e Valdir José Barbanti, e publicado no ano de 1999, pela editora Manole (São Paulo, Brasil). Composto por oito unidades (capítulos) e 155 páginas, o livro é destinado a profissionais que estão tendo ou irão ter a primeira experiência como técnicos de equipes formadas por jovens atletas.
A primeira unidade do livro designa as principais responsabilidades de um técnico. Durante a leitura, percebemos a ressalva de que os treinadores devem proporcionar uma experiência esportiva agradável e segura aos seus jovens atletas.
Para oferecer um treino de qualidade é necessário dispor de recursos matérias (apito, bolas, redes etc.) e físicos (quadra e vestiários). Mas, além disso, na segunda unidade deste livro, a ASEP aponta cinco elementos que são essenciais para o técnico desenvolver um bom trabalho: compreensão, objetivos, afeição, caráter e humor.
É muito importante que os técnicos permitam a todos os seus jovens atletas participarem. Cada jovem – menino ou menina, baixo ou alto, normal ou deficiente, habilidoso ou não – deve ter uma oportunidade para desenvolver suas habilidades e se divertir. Lembre-se de que o desafio e o prazer do esporte são experimentados através do contínuo esforço para vencer e não através da vitória em si. Jogadores que não são titulares no time são privados de lutarem pela vitória. É aí que está a grande jogada: técnicos que permitem a todos os jogadores participarem e desenvolverem suas habilidades, ao final, alcançarão o topo.
A afeição é um elemento de grande importância. É preciso “ter amor pelas crianças, sentir um desejo de dividir e compartilhar seus conhecimentos de voleibol, ter paciência e compreensão, permitindo a cada jogador crescer e se envolver cada vez mais no esporte”. Acredita-se que o técnico que constrói e mantém um bom relacionamento com seus atletas está mais propenso a ter sucesso no trabalho.
O que você fala e o que você faz devem casar. Não há lugar no treinamento para a filosofia “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Desafie-os, apóie-os, encoraje-os e recompense-os e eles estarão mais aptos para aceitar, e até comemorar, as diferenças. Tenha sempre controle, antes, durante e depois de todos os treinos e jogos. E não tenha medo de admitir que você errou. Ninguém é perfeito!
Na terceira unidade, o livro aborda uma habilidade importante que os técnicos precisam desenvolver: a comunicação. Neste momento, chegamos ao um ponto muito importante da leitura, porque desenvolver uma boa comunicação é fundamental para que o processo de ensino e aprendizagem seja sucedido positivamente.
A ASEP orienta o leitor a tomar cuidado com as palavras dirigidas aos atletas e faz algumas recomendações para a transmissão de mensagens.
Quando os jovens acertarem é um bom momento para fazer um elogio, pois isso irá motivá-los. Mas não encubra jogadas incorretas com palavras doces de recompensas. Eles sabem muito bem quando erraram e nenhuma palavra de entusiasmo pode esconder os erros deles. Se você falhar por não reconhecer os erros dos jogadores, eles mesmos vão pensar que você é falso.
Seguindo a leitura, encontramos no livro alguns princípios de suma importância, que se referem à maneira de corrigir os erros dos jovens. Primeiramente, não abuse das críticas negativas. “[...] Evite repreendê-los por erros de execução. Repreender muito os jogadores por erros fá-los ficarem com medo até de tentar. Nada estraga mais o prazer de um jovem pelo esporte do que um técnico que reclama de todas as coisas”.
Para a autora do livro, a melhor forma de ajudar os atletas a se desenvolverem é dando um feedback positivo.
Recompensar os jogadores quando eles executam bons fundamentos ou se comportam bem é um meio efetivo de fazê-los repetirem (ou tentarem repetir) tal procedimento no futuro.
A quarta unidade do livro discorre sobre alguns métodos para o ensino das habilidades do voleibol e aborda algumas idéias sobre a organização dos treinamentos. A ASEP explica que as sessões de treinamento, basicamente, devem contém um período de aquecimento, um momento para treinar as habilidades que os jogadores já saibam, alguma atividade de volta à calma e uma avaliação no final.
Ao trabalhar com seres humanos, é importante ter bastante atenção e cuidado. Segurança é o tema da quinta unidade do livro.
A partir da sexta unidade, o livro apresenta conceitos importantes do voleibol e adverte sobre a especialização precoce:
[...] Iniciantes devem trabalhar no desenvolvimento de todas as habilidades básicas do voleibol sem se especializar em qualquer uma das posições. Em muitos times, devido às diferenças de maturação física, mental ou social, jovens jogadores são levados para funções especializadas (os jogadores mais altos são ensinados a apenas atacar e bloquear, os jogadores mais baixos são ensinados a somente passar e levantar) para, somente mais tarde, descobrirem que outras funções são mais apropriadas para eles. Todos os jogadores devem desenvolver as habilidades fundamentais do voleibol (saque, passe, levantamento, ataque, defesa individual e bloqueio) para jogarem eficazmente.
Por fim, a sétima e a oitava unidade explicam em detalhes os fundamentos do voleibol e dão dicas de como ensiná-los. O livro também contém exemplos de exercícios que podem ser aplicados nos treinos e ensina algumas táticas básicas para fazer os atletas jogarem como uma equipe.
“Ensinando Voleibol para Jovens” contém mais de 80 ilustrações que atraem a atenção do leitor e proporcionam uma melhor assimilação do conteúdo. É um livro de linguagem simples e de fácil compreensão, recomendável aos treinadores iniciantes e, também, aos treinadores mais experientes. O conteúdo do livro influencia positivamente a prática pedagógica de qualquer técnico, seja ele de voleibol ou de outra modalidade esportiva. Sua proposta é formar treinadores com uma filosofia de trabalho que coloque a busca pelo desenvolvimento integral dos atletas sempre à frente das vitórias em competições.