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Fútbol

02.11.2014
Brazil
POR |

As mulheres conquistam o futsal

As mulheres buscam sua auto-afirmação nesse meio do futsal, até pouco tempo restrito aos homens, mostrando acima de tudo uma expressão de liberdade no esporte.
As mulheres lutam para conseguir seu espaço no futebol, onde aumentará o respeito e diminuirá a discriminação

Introdução

O futebol de salão masculino começou a ser praticado a partir de 1930 pelos jovens da Associação Cristã de Moços do Rio de Janeiro, já o futebol de salão feminino começou a ser praticado em 1937 por jovens, de dez e quinze anos, nas quadras de terra batida no Rio de Janeiro. Os estereótipos de gênero são os responsáveis pelo trato diferenciado a que são submetidos às mulheres e os homens, desde o início da infância, por parte dos responsáveis pela sua socialização. O mundo mudou, a humanidade mudou, os homens e as mulheres mudaram, mas não houve ainda uma mudança o suficiente para que ambos os sexos tenham plena igualdade de oportunidade e de acesso à prática esportiva, como a mulher praticar o futsal, por exemplo, seja como disciplina, lazer ou profissão. Desde sua criação, em 1976, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), vem trabalhando para que a equidade de gênero se torne cada dia mais uma realidade, em todas as áreas da vida, isso porque, apesar de diferentes biologicamente dos homens, ambos os sexos têm direito as mesmas oportunidades e realizações e o acesso a prática esportiva. De maneira geral, desde que as mulheres praticam o futsal, abriram-se a existência da discriminação contra quem pratica esse determinado esporte considerado masculino, além de ser estigmatizado e pouco valorizado, conta com poucos espaços para a sua prática regular e ainda tem o peso de uma sociedade que as marginaliza. Existe a associação da imagem da mulher que joga bola à homossexualidade, uma discriminação contra as atletas que mudam de comportamento e de aparência.

 

Metodologia

Esse estudo foi empregado o método da revisão bibliográfica de Gil (1991, p. 47-77), onde este tipo de abordagem consiste na atividade de localização e consultas de fontes diversas de informações, para coleta de dados gerais ou específicos a respeito de determinado tema, para assim realizar a análise crítica e argumentar sobre o assunto pesquisado. A bibliografia consultada deste presente estudo se constituiu sobre o acervo da Universidade Estadual Paulista (UNESP – campus de Presidente Prudente, SP), da Biblioteca Municipal de Presidente Prudente e da biblioteca e base de dados on-line, mediante da utilização de palavras-chave como futsal feminino, preconceito, gênero, esporte feminino e discriminação. Os autores citados no estudo descrevem sobre o assunto mulher no futsal, as questões de gênero e a relação da mídia com o esporte, em especial futsal feminino.

 

A mulher brasileira no futsal

A autora Darido (2002, p. 46-47), reforça que no momento em que o espaço foi aberto para a prática do esporte, as mulheres-atletas só poderiam participar de uma equipe caso fossem atraentes. Na verdade, de um desafio "jogar futsal", passam a ter que conviver com outro, "ser bonita" para jogar. É óbvio que por trás estão interesses econômicos ligados ao esporte. Mulheres bonitas "vendem" com mais facilidade, mas é fundamental estar atento a essas novas formas de discriminação, então, cabe aos profissionais que atuam nessa área devem buscar atualização de tal forma para acompanhar tal evolução, sendo contra os valores e práticas sociais que desrespeitam a dignidade da pessoa, onde é preciso reconhecer as diferenças no comportamento de meninos e meninas e trabalhar para não transformá-los em desvantagens.

A própria sociedade que marginaliza as mulheres atletas que jogam o futsal, pelas mudanças que ocorrem nos corpos, onde às vezes é na própria “educação de casa” que a mulher é marginalizada, os próprios pais têm um cuidado além do normal quando nasce uma menina, diferente se tivesse nascido um menino, em 1970, os corpos das mulheres tinham uma expressão e forma socialmente determinadas, consideradas normais e saudáveis, ou seja, o ‘normal’ era ter estrutura óssea que auxiliasse no parto, portanto, quadris largos eram bastante apreciados, mas com os braços com bíceps torneados eram pouco recomendados, por que afastariam possíveis pretendentes que estariam horrorizados com a demonstração de força da mulher, relata Alonso (2003, p. 36).

Nesse sentido, é possível afirmar que, se por um lado, a inserção feminina no futsal pode ser vista como uma atitude transgressora porque as mulheres fizeram valer suas aspirações, desejos e necessidades, enfrentando um universo caracterizado como próprio do homem, por outro, pode significar uma adaptação aos valores e práticas comuns a esse esporte visto que, em algumas situações, essa inserção esteve atrelada a afirmação de uma representação hegemônica de feminilidade “medida”, como se pode esperar, pela aparência dos corpos das jogadoras (GOELLNER, 2006, p. 2).

Vigora no Brasil a representação de que a cultura brasileira é muito aberta sexualmente, expansiva e calorosa positiva para a identidade nacional, mas se trata de um mito, pois quando refletimos sobre a participação feminina no esporte, percebemos a necessidade de resgatar o contexto histórico onde esse fato ocorreu, isso porque o papel desempenhado pela mulher no esporte confunde-se e mescla-se com seu papel social na história da humanidade, mas uma história escrita e interpretada de um ponto de vista masculino (HEILBORN, 2006, p. 7). “Ainda que a presença da mulher nas arenas esportivas tenha servido como referência de liberdade, igualdade e apropriação de seus próprios corpos para outras mulheres, não se pode concluir que esse movimento no esporte tenha contribuído de maneira revolucionária na derrubada de estereótipos de feminilidade” (RUBIO & SIMÕES, 1999, p. 55).

 

A arte por trás da maquiagem

O futebol feminino começou a ser praticado em 1937 por jovens, de dez a quinze anos, nas quadras de terra batida no Rio de Janeiro. As mulheres conquistam passo a passo seu espaço que, ainda é de predominância masculina e por esse motivo a sociedade acaba marginalizando-a, pois as mulheres que praticam o futsal têm de lutar com a idéia de que sua feminilidade e graciosidade estarão irreparavelmente comprometidas em função da opção por essa modalidade esportiva (JAEGER, 2006, p. 201). Os especialistas da saúde, em 1940, desaprovavam a prática do futsal e do futebol feminino, alegaram que ‘os esportes predominantemente masculino, como o futebol e o futsal, são considerados um tipo de esporte incompatível com a delicada fisiologia da mulher, onde comprometia sua saúde e órgãos reprodutores, além de ficar com pernas mais grossas e masculinizadas’, parecer da Subdivisão de Medicina Especializada, com data de 23 de maio de 1940, segundo o Franzini (2005, p. 322). Na Era Vargas foi aprovado um Decreto Lei número 3.199, artigo 54 do dia 14 de Abril de 1941, “proíbe a mulher de realizar atividades esportivas que não são compatíveis com as condições de sua natureza”, só sendo revogado no ano de 1975 (Senado Federal – Diário Oficial da União, 1941), ou seja, as mulheres ficaram 34 (trinta e quatro) anos proibidas a praticar esportes, principalmente o futebol e o futsal, pelo preconceito associado a uma visão machista da época.

Existe uma visão da sociedade que associa a imagem da mulher que joga bola à homossexualidade, onde caracteriza uma discriminação contra as atletas que mudam de comportamento e de aparência. Se as características de gênero não correspondem ao seu sexo biológico, o que é considerado ‘normal’, a mulher é taxada de homossexual. Em geral, preconceito pode ser definido como uma atitude hostil para com determinado grupo, baseadas em generalizações deformadas ou incompletas, ou seja, “essas ‘generalizações’ são chamadas de ‘estereótipos’ que é, ao mesmo tempo, a causa e a conseqüência do preconceito e quando junta-se os dois, o preconceito e o estereótipo, geram discriminação contra uma pessoa ou um grupo”, segundo Nunan (2003, p. 59). Assim, Santana e Reis (2007, p. 6) concluem que por conta de o futsal feminino, diferentemente do masculino, carecer de uma categorização regulamentada a respeito da divisão etária das suas diversas categorias, julgam pertinentes que a Confederação Brasileira de Futsal em geral e as Federações em particular se preocupem em homogeneizar a faixa-etária. Isso evitaria tratamentos distintos para a mesma categoria. A mulher vem tendo um papel importante tanto no futebol quanto no futsal de hoje, assim como na criação futura do esporte e acima de tudo realizando um trabalho sem afetar seu desenvolvimento.

 

Conclusão

Esse estudo não está questionando ou analisando e nem sequer, saber o número de atletas de futsal feminino que são ou não homossexuais e sim para derrubarmos alguns obstáculos que são colocadas para elas. Com isso, este estudo destaca que as mulheres buscam sua auto-afirmação nesse meio do futsal que até pouco tempo restrito aos homens, porém não podemos deixar no esquecimento o lado emocional do futsal, que é o de fazer um gol ou driblar de forma espetacular e até vencer uma partida.

Com tudo isso e acima das críticas do futsal feminino, o mais importante é ressaltar a conquista das mulheres nessa modalidade citada, que é uma conquista própria sem a concessão masculina, mas que o preconceito ainda existe e está invisível como um discurso de que é uma forma de preservar a feminilidade e as mulheres estão conquistando seu espaço aos poucos, mostrando acima de tudo uma expressão de liberdade no esporte.

Euclides José Paulo Junior
Ronaldo Ribeiro de Sousa
Michele Berti Nunes
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