O que é Termografia?
A termografia é um método não invasivo utilizado para registrar gradientes e padrões térmicos corporais (KITCHEM, 1998; TAN, 2009) sendo utilizada para medir a radiação térmica (calor) emitida pelo corpo ou partes deste, podendo, portanto, ser utilizada para diagnóstico de lesões causadas pelo treinamento. É considerada uma alternativa muito interessante em relação aos métodos convencionais, que implicam um bombardeamento do indivíduo por ultra-som, raios-X, ou outros tipos de onda eletromagnética. Na Termografia não existe emissão de nenhum tipo de radiação. Ao contrário, o sistema captura o calor (infravermelho) emitido pelo indivíduo. Portanto, não existe contra-indicação de nenhuma espécie a esse tipo de exame. Sabendo que essas lesões desencadeiam processos inflamatórios e admitindo que a inflamação gera calor (MACHADO, 2009) em decorrência do aumento do metabolismo local, então, o nível inflamatório pode ser avaliado por meio de gradientes de temperatura; as imagens termográficas mostram precocemente o início de um processo inflamatório, que ainda não apresentou sinais e sintomas clássicos (dor, edema e parestesia), atuando, assim, de forma preventiva (BRIOSCHI et al, 2007). A técnica de sensoriamento possibilita a medição de temperaturas e a formação de imagens térmicas (chamadas termogramas) do corpo do atleta a partir da radiação infravermelha, naturalmente emitida pelo paciente, permitindo uma atuação mais precisa do ponto da lesão, seja ela no estágio inicial ou evolutivo, consegue-se detectar os locais críticos que devem ser tratados. Quando há algum processo inflamatório a região atingida geralmente fica mais quente e através do aparelho é possível acompanhar a evolução desse quadro inflamatório, as regiões de maior tensão muscular, locais de maior dor e as regiões das lesões traumato-ortopédicas e desportivas. É importante ressaltar que muitas vezes a lesão já se encontra no corpo do atleta, mas naquele momento é imperceptível, o que só mudará quando o atleta aumentar a carga, agravando o problema. Com a termografia é possível prevenir esse quadro. A utilização da termografia como diagnóstico de lesões musculares após treinamento justifica-se pela facilidade do processo e por ser uma técnica não invasiva.
Como funciona?
No corpo humano, a Termografia refere-se à avaliação da distribuição de temperatura em um órgão ou região do corpo, podendo levar a uma correlação melhor do que a Eletromiografia, em algumas situações. O exame termográfico inicia-se com uma máquina capaz de fotografar as leituras de calor dos objetos (figura 1). São tiradas duas fotos dos grupos musculares inferiores, uma de frente e outra de costas, e as áreas desejadas são mapeadas. As imagens mostram a diferença de calor nos diferentes grupos musculares. As partes mais avermelhadas, em tom vermelho vivo, são as mais desgastadas. Com os resultados, é possível orientar melhor o atleta, como por exemplo sugerir que não force nos treinos, recomendar alguns dias de descanso, indicar reforço muscular ou mesmo antecipar-se a uma lesão, tratando-a antes que se torne evidente.
Aplicações práticas da Termografia nos clubes de Futebol do Brasil
Os clubes da série A do Brasil tem feito o uso constante dos recursos da termografia como análise de seus atletas; os resultados tem agradado a comissão técnica. O investimento é considerado alto, mas o retorno é garantido, haja vista que o número de lesões em jogadores profissionais no Brasil diminuiu bastante nos últimos anos, fruto da relação positiva da Ciência associada ao treinamento correto e direcionado, e mesmo com as adversidades encontradas, tais como: desestruturação do calendário de competições, estrutura e locais das partidas; as equipes (atletas) têm suportado bem as condições que lhe são impostas. Vários clubes estão fazendo uso dos recursos da Termografia infravermelha como controle da carga de treinamento; entre eles: o Cruzeiro E.C, o Clube Atlético Mineiro, o Botafogo F.R, o Sport Club Corinthians, o Clube Atlético Paranaense, entre outros. O trabalho desenvolvido, por exemplo, no Cruzeiro, onde os atletas tem a disposição uma das melhores estruturas de trabalho a nível mundial, deve ser seguido pelos outros clubes; soma-se a isso uma equipe técnica de profissionais de primeira linha que estão sempre em busca de novas tecnologias que tem o objetivo final de garantir com que os atletas estejam nas melhores condições para disputa das partidas; a Figura 2 mostra uma análise termográfica com atleta num teste em esteira.
Conclusão
Os resultados encontrados na literatura sobre o tema sugerem a possibilidade da utilização da termografia para, em conjunto com análises de marcadores fisiológicos, determinar a intensidade e a localização de lesões musculares pós-treino, A vantagem do uso da termografia é que ela consegue detectar a localização anatômica da lesão muscular; pode-se dizer que a termografia tem um bom potencial para apoiar o diagnóstico de lesões musculares em atletas de diversas modalidades. Sua operacionalização exige um ambiente com temperatura controlada e a aquisição de equipamento validado na área científica. É importante controlar o tecido adiposo subcutâneo da área avaliada, pois a mesma interfere nos valores absolutos de temperatura, podendo influenciar de maneira significativa os resultados de estudos com sujeitos com perfil lipídico heterogêneo. O custo médio desse equipamento está em torno de R$ 50.000,00. A aquisição é feita por Instituições interessadas e em parceria com clubes, em sua maioria, da 1ª divisão profissional. O profissional que trabalha com Termografia deve ser preparado e possuir amplo conhecimento em anatomia, fisiologia, biomecânica, e principalmente entender o software do equipamento. Por fim, sugere-se a realização de novos estudos, principalmente no âmbito esportivo, uma vez que a maioria dos estudos encontrados utilizando termografia, tratam da análise clínica em pacientes. A termografia deve estar associada com outras análises fisiológicas, tais como: creatinoquinase, lactato, ressonância magnética, frequência cardíaca; que indiquem estado de fadiga metabólica e muscular instalada ou pré-disposição a um processo de lesão muscular.