Introdução
No Brasil, a obesidade infantil e posteriormente na adolescência cresceu nada menos do que 240% nos últimos 20 anos.
A adiposidade excessiva nos jovens representa um risco para a saúde ainda maior na condição de adulto que a obesidade que teve início na vida adulta. As crianças e adolescentes com peso excessivo, independente do seu peso corporal final quando adultos, exibem um risco bem mais alto de uma ampla gama de enfermidades como adultos que os adolescentes com peso normal.
As crianças obesas com 6 a 9 anos de idade comportam uma probabilidade de 55% de serem obesas quando adultas - um risco 10 vezes maior que aquele das crianças com peso normal. Se existe obesidade também nos pais, o risco de obesidade para a criança na vida adulta passa a ser duas a três vezes maiores que aquele de crianças com peso normal sem pais obesos. A associação entre hábitos familiares precários nas áreas da dieta e do exercício entre os pais resulta em um processo de modelação por parte dos filhos em seguir os mesmo hábitos de seus progenitores, portanto um risco aumentado de desenvolver doenças crônico-degenerativas.
A obesidade na adolescência vem aumentando nos últimos anos, atingindo índices de 10,6% nas meninas e 4,8% nos meninos, sendo que na região Sul do País os índices de prevalência chegam a 13,9%.
Fatores
Atualmente sabe-se que a obesidade é de etiologia multicausal, ou seja, pode ser determinada por diversos fatores, que podem ser:
Embora a concentração de renda no Brasil (as classes de renda mais baixa utilizam 37,0% da renda com alimentação e as mais altas empenham 11,0%) não permita falar em mercado homogêneo, nas duas últimas décadas houve um predomínio no consumo de alimentos industrializados comprados em supermercados em todas as classes de renda.
A adolescência é um período da vida onde ocorrem grandes mudanças físicas e psicológicas, altamente influenciadas por fatores genéticos, étnicos, fase de muitas mudanças que são refletidas através de hábitos dos familiares e principalmente dos amigos, do convívio social, como a cultura em que este indivíduo está inserido.
A origem da obesidade adulta e suas conseqüências adversas para a saúde costumam residir na segunda infância. Crianças que ganham mais peso costumam tornarem-se adultos com peso excessivo e com um maior risco de hipertensão, insulina elevada, hipercolesterolemia e doença cardíaca. O peso excessivo durante a adolescência está relacionado a efeitos adversos para a saúde 55 anos depois. O obeso parece responder mais aos estímulos externos (tipo e qualidade do alimento) do que aos internos (fome e saciedade) no que diz respeito ao apetite.
Portanto, o aumento alarmante na obesidade durante a infância e a adolescência exige intervenções imediatas para prevenir o aumento subseqüente no risco de doenças e de morte quando essas crianças se tornam adultas.
Tratamento
A obesidade é uma doença de difícil controle, principalmente na adolescência, onde diversos fatores interferem psicologicamente no indivíduo. Mas para que este cause um desequilíbrio energético corporal é essencial que: reduza-se a ingesta calórica, pratique-se atividade física ou um misto destes dois, podendo causar uma importante adaptação do exercício havendo o aumento da taxa metabólica basal, e conseqüente aumento do dispêndio energético auxiliando na perda de peso.
No tratamento da obesidade, o ideal seria a combinação de exercícios aeróbicos com exercícios de força, progressivamente, respeitando os limites do indivíduo e sua mobilidade articular. Assim, causa-se uma diminuição nas concentrações de colesterol e triglicérides no sangue, diminuição da dependência da insulina, além de uma melhora na auto-estima e na imagem corporal do indivíduo este se tornando mais suscetível ao tratamento por ver os resultados decorrentes da atividade física.
Apesar disso, certos comportamentos podem modificar a adiposidade corporal no início da vida. Uma atitude consciente como a amamentação ao seio, que permite ao apetite natural do lactente estabelecer limites para o consumo de alimento, assim como a introdução tardia de alimentos sólidos, pode prevenir a hiperalimentação. Mas, a alimentação por mamadeira e a introdução precoce de alimentos sólidos podem estar associadas com obesidade durante a segunda infância. E isto ocorre devido nos seres humanos à nutrição materna durante a gravidez afetar a composição corporal do feto em desenvolvimento.
O tratamento deve iniciar-se após o diagnóstico da obesidade, onde este baseia-se na redução da ingestão calórica, aumento do gasto energético, modificação comportamental e envolvimento familiar no processo de mudança. Outras estratégias como a cirurgia bariátrica e medicamentos, devem ser avaliados e somente utilizados em casos mais graves, em que o tratamento convencional não está surtindo efeitos e não haja maiores riscos à criança ou adolescente, pois estes estão em uma fase de maturação e crescimento.
Portanto, a prevenção precoce da obesidade através do exercício apropriado e da dieta, em vez da correção da obesidade existente, oferece o maior potencial para refrear a condição de gordura excessiva tão comum em todo o mundo entre crianças, adolescentes e adultos.