Introdução
Parte-se da seguinte constatação: Há duas espécies de virtude: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao passo que a virtude moral é adquirida em resultado do hábito.
Assim, há mais dois mil anos, Aristóteles já compreendia o ensino educacional como uma virtude democrática a ser construída com base na disciplina e no hábito. A Educação do homem, em sua integridade, deveria abrangir os diversos campos do saber, com um enfoque sobre o desenvolvimento moral e cívico, além do aprimoramento dos valores internos.
"A educação, para Aristóteles, é um caminho para a vida pública". Cabe à educação a formação do caráter do aluno. Perseguir a virtude significaria, em todas as atitudes, buscar o "justo meio". A prudência e a sensatez se encontrariam no meio-termo, ou medida justa - "o que não é demais nem muito pouco", nas palavras do filósofo.
O artigo apresenta como objetivo geral fazer uma análise reflexiva a respeito da educação e da influência dos hábitos sobre o aprendizado moral e integral do homem. Partindo-se da premissa que o referencial filosófico e pedagógico permitirá identificar o papel social e cultural do professor ao padrão de determinados comportamentos que refletem os hábitos dos alunos na Escola.
O aprendizado e a construção dos hábitos
Para Aristóteles a educação parte da imitação e visa levar o educando a adquirir hábitos que formarão nele uma segunda natureza. Nesse processo o educador deve expor o assunto, fazer com que o educando retenha aquilo que foi exposto, e, enfim levá-lo a relacionar os diversos conhecimentos adquiridos à custa de exercícios. Trata-se de uma educação que leva em consideração todas as faculdades que integram a natureza humana, para que o educando alcance a finalidade específica de sua existência, a felicidade. Segundo Aristóteles a educação deve ser pública e comum, porque só o estado pode garantir a formação adequada.
Para Kofman, o aprendizado se resume a adquirir o conhecimento e extrair deste uma informação correta, ao mesmo tempo em que aplicá-lo de modo criativo e construtivo potencializa uma realidade desejável para todos. A informação que chega através dos sentidos é assimilada e armazenada. No entanto, para completar o processo de aprendizado, é necessário passar da informação para a ação consciente e concreta. Aristóteles discute o aprendizado sob a ação e a escolha que visam a um bem qualquer, ou seja, como um fim em sua investigação e natureza. A natureza do aprendizado é a educação integral do homem, bem como o objetivo supremo de sua existência.
Platão percebe a educação como uma arte capaz de suportar a contemplação do ser e da parte mais brilhante do ser. Sendo assim, a natureza da educação permite ao homem, através dos bons hábitos, obter uma concepção política correta por meio do auto-conhecimento. Por exemplo: o que uma pessoa julga estar errado e o é, tomará para ela tal decisão e através de seu exemplo, influenciará outras pessoas.
De acordo com Emerson, o aprendizado é o crescimento espontâneo em todas as suas expansões, e o que faz do homem integral um ser evoluído é o pensar da mente, que interpreta a realidade de acordo com o que aprende ao longo da vida.
O desenvolvimento da educação integral como virtude permite ao homem superar as expectativas sociais, bem como quebrar as regras teóricas e superficiais da sociedade alienada.
Não é, portanto, nem por natureza nem contrariamente à natureza que as virtudes se geram em nós; antes devemos dizer que a natureza nos dá a capacidade de recebê-las, e tal capacidade se aperfeiçoa com o hábito.
O bem é a finalidade do hábito. Todo hábito visa a um bem qualquer. Em todas as ações cotidianas, há implicações, e de acordo com o grau de instrução de cada pessoa, faz-se ou não o uso de bons hábitos. A excelência moral e intelectual pode ser adquirida por meio da educação em uma propensão muito maior pelo exemplo oferecido pela sociedade, pelos amigos e familiares.
Para nos modificarmos, temos de nos conhecer. Temos que nos conscientizar de como percebemos o mundo, como sentimos, como pensamos, como nos expressamos e como atuamos. O educador é, antes de tudo, um mediador dos diferentes tipos de conflitos e situações negativas que se evidenciam na escola. Ele deve ter uma consciência clara do mundo em geral e da realidade na qual ele e sua organização se movem. Uma consciência múltipla, porque múltiplos são os desafios que requerem sua atenção.
Se o sistema educacional de determinada instituição privilegia apenas a educação teórica, não ocorre o aprimoramento da virtude moral, bem como o desenvolvimento das virtudes internas. A Escola, como base do progresso humano, deve trabalhar a excelência intelectual e moral para uma melhor preparação do estudante para os desafios da sociedade contemporânea.
Conclusão
É parte evidente deste trabalho que para Aristóteles o potencial humano se desenvolve a partir do aprimoramento dos valores internos. Por ter potencialidades múltiplas, o ser humano só será feliz e dará sua melhor contribuição ao mundo se desfrutar das condições necessárias para desenvolver o talento. A organização social e política, em geral, e a educação, em particular, têm a responsabilidade de fornecer essas condições.
O educador, como um divulgador do conhecimento, deve desenvolver em seus alunos o aprendizado através de bons hábitos, em paralelo com a teoria, preparando-os para os desafios do mundo contemporâneo, ao mesmo tempo em que desenvolve a excelência moral e educacional.